Finanças Familiares – Os Passivos – Ricardo Frade

No artigo anterior abordámos quatro aspectos fundamentais do mundo das finanças pessoais: passivos (dívida e crédito), ativos (investimentos, imóveis e capital), liquidez (dinheiro “vivo”) e a combinação destes três, o valor líquido (o valor global da nossa vida financeira). Hoje vamos falar um pouco sobre os passivos, especificamente os do dia-a-dia.

Muitas pessoas passam o tempo a queixar-se que não conseguem poupar dinheiro. Pessoalmente acredito que em muitos casos é a realidade, mas noutros é apenas uma desculpa para justificar quando não se quer ou não se sabe como poupar, por onde começar, o que fazer.

Para eliminar passivos do dia-a-dia é necessária coragem e vontade de ver as coisas como elas são, procurando de olhos bem-abertos as “gorduras”. E como é que isso se faz?

  1. Durante um mês faça uma lista de TODAS as despesas que tem, da casa, do carro, comida, o café e o jornal. Isto permitir-lhe-á ganhar consciência de como gasta o seu dinheiro;
  2. Pegue nessa lista e separe o que é fundamental (comida, por exemplo – despesas essenciais) do que gosta de ter (TV cabo, por exemplo – despesas supérfluas) e do que, na verdade, é mesmo dinheiro deitado fora (serviços que não usamos, comissões de bancos em que não temos dinheiro, seguro do carro que está velho e a apodrecer na garagem, etc – despesas estúpidas).
  3. Corte imediatamente com as despesas estúpidas: se não usa, não gosta e não precisa, é dinheiro que fica no seu bolso.
  4. Nas despesas supérfluas verifique o que gostaria mesmo de ter e aquilo que, pensando bem, pode dispensar. Corte com estas últimas despesas também.
  5. Nas despesas essenciais, e nas supérfluas que sobram, tem que separar produtos de serviços. Nos produtos, procure o local onde compra mais barato (mas lembre-se que não faz sentido andar 5kms par poupar 0,20€, fica bem mais caro!). Nos serviços procure renegociar os contratos. No caso da TV por cabo, por exemplo, basta telefonar e pedir para acabar com o contrato porque a concorrência está a fazer o mesmo serviço mais barato, para que a empresa faça uma proposta para baixar a mensalidade. No meu caso passou de 55€ para 35€, e bastou um telefonema!
  6. A seguir há os bancos: muitos cobram despesas de conta, outros despesas de cartões, e quanto menos dinheiro tiver na conta mais altas são as comissões! Há bancos com contas, transferências, cartões gratuitos e serviço personalizado, onde um consultor o ajuda a gerir melhor o seu dinheiro. Se é o seu caso ótimo, se não for pode estar na altura de procurar melhor, baixando os custos e melhorando o aconselhamento. Tem contas que não usa? Têm despesas? Tem vários cartões em casa que não usa e nem sabe quanto lhe custam? Pois bem, está na altura de juntar essa informação e cortar esse desperdício (ou de procurar alguém que o ajude a fazê-lo).
  7. Por fim, faça as contas a quanto teria poupado, nesse mês, com estas alterações. Use esse valor como referência para o próximo mês, e no final faça a mesma coisa e veja quanto poupou na realidade. Vai ter uma bela surpresa!

 

Agora, que já conseguiu poupar, vou ensinar-lhe um truque muito básico para continuar a conseguir fazê-lo: pegue nesse valor e divida-o em três partes: duas delas devem ser postas a render para si, seja num depósito seja noutro produto financeiro; a outra deve ser usada para fazer ou comprar alguma coisa que, normalmente, não compra ou faz porque não tem dinheiro. Parece estranho? É simples: quando recompensamos uma criança ela vai repetir aquele comportamento, acontecendo o mesmo connosco: se fizemos um bom trabalho e já poupámos mais do que seria de esperar merecemos uma recompensa, certo? É por isso que devemos usar essa terceira parte da poupança para nos “mimarmos”, seja com um jantar, uma ida ao cabeleireiro, uma viagem, uma ida a um spa… Mime-se, porque merece, e aposto que no mês seguinte conseguirá poupar outra vez!!

No próximo artigo iremos estudar o crédito, de modo a perceber vantagens e problemas das dívidas.

Entretanto envie as suas dúvidas financeiras para consultorfinanceiro.rf@gmail.com.

 

Artigo de Ricardo Frade

Consultor Financeiro, Autor do livro Pé Descalço, Orador e Personal Advisor.

 

 

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