À conversa com… Analu Carvalho
Analu Carvalho nasceu no Rio de Janeiro. Começou pelo curso de Escultura na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e mais tarde graduou-se em Artes Visuais na AESO – Faculdades Integradas Barros Melo, em Olinda, Pernambuco. De volta ao Rio de Janeiro, integrou a Oficina de Gravura do Liceu de Artes e Ofícios do RJ, onde desenvolveu projetos de gravura em metal.
Publicou o seu primeiro livro infantil “A menina que se sentia esquisita”, em julho de 2019. Atualmente reside em Braga, Portugal, onde se encontra imersa no universo literário infantojuvenil, produzindo livros, ilustrações e desenvolvendo oficinas de arte-educação.
PF – Quem é a Analu Carvalho? Fale-nos um bocadinho de si.
Analu é uma artista, mulher ativa, positiva, forte e ao mesmo tempo sensível, criativa. Casada, mãe de dois filhos e que adora mudanças. Minha irmã me considera uma nómada. Eu não me imagino em um só local. Acredito que somos do mundo. Sou feminista, odeio injustiça e acredito no poder transformador da arte.
PF – Como é em termos profissionais dedicar-se a arte? Como aconteceu?
A vida de artista é dura. Muitas horas de trabalho e a incerteza do retorno. Mas se você ama e acredita no poder do seu trabalho, a sua realização será plena. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa.
Descobri a carreira já tarde. Um dia, pedi demissão do trabalho e me inscrevi no vestibular para o concurso do curso de artes. Acho que tudo tem seu tempo e ter começado mais tarde me auxiliou com a experiência que tinha adquirido.
PF – Como decidiu vir para Portugal. Porquê Braga?
Sou neta de portugueses e cidadã. Tinha muita vontade de buscar as minhas origens, mas não tinha tido a oportunidade. Em 2014, morava em Recife e iniciamos o planejamento para a mudança para Portugal. Naquela época nem imaginávamos o rumo que o Brasil tomaria.
Minha família é do norte, Vila Real e Viseu. Em 2019, viemos de férias para conhecer algumas cidades e decidir aonde nos instalaríamos. Ao chegar em Braga, eu e minha filha tivemos a certeza que era a cidade escolhida. Nos sentimos totalmente em casa e contamos os dias para a nossa mudança.
PF – O seu livro demonstra uma preocupação / atenção para o desenvolvimento emocional infantil, porquê?
Nunca me imaginei escritora. Sou uma artista e mãe que acredita no papel transformador da arte e na sua contribuição para a formação de uma sociedade mais crítica e justa. Mas, durante a nossa passagem por Recife, senti a necessidade de compartilhar uma vivência da minha filha. Que para ela, foi muito marcante e negativa. Minha filha sofreu bullying na escola e por possuir a pele muito branca, foi chamada de esquisita, fantasma, vampira, entre outros. Isso teve um efeito muito negativo para ela. Acabou com a sua auto-estima e o seu rendimento escolar despencou. Nesse momento, senti a necessidade de dividir a minha experiência de mãe. E assim, surgiu o livro “A menina que se sentia esquisita”. Esse foi o meu primeiro contato com o universo infantil e me apaixonei! Percebi que os meus livros e as minhas oficinas poderiam fazer a diferença na vida de várias crianças como vivências semelhantes às da Malu. As crianças ao lerem as histórias, ao terem contato com as ilustrações, com os sentimentos retratados e realizando as atividades propostas nas oficinas, se identificam com os personagens e suas soluções, refletem e nas oficinas externam esses sentimentos em formas e cores.
PF – As suas oficinas no Brasil são um sucesso, como acha que será a aceitação do público português?
No momento difícil, como o momento atual, a arte-educação pode auxiliar as crianças e as ajudar com suas aflições. Por isso, acredito que a aceitação será boa. a arte tem um papel transformador muito importante e ela não tem fronteiras.
Oficinas no Rio de Janeiro
PF – A primeira oficina em Portugal será na biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, no Dia 27 de Agosto, junto com a apresentação do livro, quer desvendar um bocadinho o que vai acontecer?
Vai ser um evento com a apresentação do livro, a exposição das ilustrações e a oficina de arte-educação.
Vou contar com a colaboração da professora Ana Rita Oliveira, que apresentará o livro e participará comigo da oficina.
Após a leitura do livro, vamos conversar sobre o significado de empatia e amizade. Depois, vamos sugerir atividades que trabalhem esse tema.
Acho importante, as crianças perceberem o processo de criação das imagens. A relação de imagem e texto. Desperta um novo olhar em relação ao livro. Por isso, realizarei a exposição das ilustrações.
PF – Novos projectos? O que sonha para a sua nova vida em Portugal?
Estou finalizando o meu segundo livro e com encomenda de ilustração para o livro de outros autores. Quero continuar escrevendo a série Selina e trabalhar outros temas importantes para o desenvolvimento das crianças. Quero continuar com as oficinas e despertar o gosto pelos livros e pela arte. Quero montar uma oficina de gravura, minha outra paixão. Trabalho com gravura em metal e estou desenvolvendo um projeto de arte integrada. Criação de gravuras para músicas. Em breve pretendo expor as minhas obras. Quem quiser conhecer melhor o meu trabalho, pode visitar o site: www.analucarvalho.com
PF – O que mais a realiza?
Adoro viajar; conhecer pessoas; curtir amigos, adoro receber, minha casa sempre foi ponto de encontro; adoro ouvir música, a música faz parte da nossa vida; ver filmes em família e discutir suas temáticas e ler.