Mas agora é preciso tirar um curso para ser pai ou mãe?
A Parentalidade não se esgota na sua esfera quotidiana e domestica. Pelo contrário, a família funciona também, como parte dos sistemas mais complexos na qual está integrada.
Se é unanime que as sociedades mudam, se alteram, na forma como se relacionam e constroem, é natural que tal mutação aconteça também no seio da família e assim se coloquem novos desafios à parentalidade.
Os objectivos gerais da educação parental, que se perpetuam ao longo dos tempos, são o desejo que os nossos filhos sejam felizes, respeitando as regras e os limites. O que muda é a forma como queremos lá chegar.
Se em termos sociais, temos dificuldade em entender as ditaduras, perpetivando a necessidade de autoridades mais democráticas, que respeitem o outro, o mesmo deverá acontecer no seio da família.
As relações de poder esbatem-se e promove-se o igual valor. Entre marido e mulher e também entre pais e filhos.
A primeira e mais relevante relação que estabelecemos com o mundo, decorre do desenvolvimento de um vínculo emocional com as figuras que cuidam de nós, nos primeiros anos de vida. A forma como esta relação decorre é fundamental para o desenvolvimento de um sentimento de confiança e de segurança em si próprio, aumentando assim, as competências da criança para explorar o mundo.
Muitos pais, não se revendo no modelo autoritário de educação acabam por cair no modelo da permissividade, que promove ainda mais a insegurança da criança, já que todos precisamos de regras, limites e rotinas.
A Parentalidade Positiva, promove o equilíbrio entre a necessidade de cumprir regras e limites, promovendo o afeto e o respeito mútuo. Com base numa liderança empática, é solicitada à criança algum nível de maturidade, de acordo com a sua fase de desenvolvimento e os seus interesses específicos, tornando-as capazes de se colocar no lugar do outro, promovendo o vínculo e a literacia emocional.
Respondendo à questão formulada no título: Não é preciso, mas ajuda MUITO.
Podemos sempre aprender a fazer melhor. E melhor não significa ser perfeito. Significa ser consciente, estar em sintonia consigo próprio e com o outro, mantendo a ideia de que ser mãe/pai é um processo que se constrói, na medida em que a forma de lidar com os filhos vai evoluindo com a experiência e a consciência.
Texto de Sofia Cid – Socióloga – Pós-graduada em Sociologia da Família; Mediação Familiar e Educação e Parentalidade Positiva.
Formações complementares nas áreas da Neuropsicologia infantil e Mindfulness para Crianças.
email: saltercid.sofia@gmail.com
Affectum