Ser Educador de Infância…
É amar vinte e cinco crianças de vinte e cinco formas diferentes.
É agarrar a oportunidade de dar oportunidades.
É dar tudo de nós, mesmo nos dias em que só queremos estar a sós.
É sorrir quando nos apetece chorar.
É dizer «não» quando querem que digamos «sim».
É sair fora do quadrado. É estar dentro da caixa e fugir. Saltar. Partir.
É perceber o quanto as crianças nos ensinam quando queremos que estejam a aprender.
É saborear as paixões diárias que nos são trazidas nas palmas das suas mãos.
É olhar para os olhos de uma criança só para os ver brilhar.
É sentir um sorriso com o coração. E sentir o palpitar do coração num sorriso singelo.
É atirá-las para o ar e fazê-las pensar que vão para a lua.
É deixa-las correr, arranhar os joelhos, esfolar os cotovelos, deixa-las cair… abraça-las a seguir.
É limpar uma lágrima e senti-la… mesmo na ponta dos nossos dedos.
É caminhar, para a frente e para trás… lado a lado.
É abrir a porta do nosso mundo aos mundos de cada um, num mundo que será o nosso.
É ouvirmos histórias fabulosas pela manhã, pela tarde… que nos adormecem pela noite.
É refletir na forma como estamos a agir.
É receber flores pela manhã e desenhos feitos durante o pequeno-almoço.
É dizer «não» e conseguir resistir ao olhar suplicante, tão ternurento, de uma criança.
É resolver os problemas com aquilo que temos ali à mão. Desenrascar alguma coisa com qualquer coisa.
É (tentar) desenvolver a motricidade fina das crianças quando temos as mãos cheias de cola.
É desenharmos um tigre e ouvirmos “isso é um gato, eu pedi um tigre”.
É ouvir uma criança, duas, três crianças chamarem o nosso nome para as ajudarmos a resolver catástrofes que acontecem na sala… e com uma perna aqui, um braço ali, a cabeça acolá… voilá, conseguimos resolver tudo, praticamente ao mesmo tempo.
É sentarmo-nos a brincar ao lado de uma criança e esperar que ela não pergunte: “Porquê que estás a brincar?”
É contar histórias no aconchego de um abraço.
É perdoar e esquecer. Ser perdoado sem ser esquecido.
É ver partir sem perder.
Ser Educador de Infância não é só isto nem apenas isto. É muito melhor do que isto!
Um Educador de Infância,
Fábio Gonçalves