Será atrevimento?

Será atrevimento dizer que é preciso mais espaço para o PAI?

Os tempos mudaram. Até os termos e as palavras mudaram. Já não falamos de licença de maternidade, mas de licença parental.

Tentamos não falar só de maternidade, mas de parentalidade, e a verdade é que cada vez mais pais gozam destes privilégios legais, mudam fraldas, dão biberões e fazem questão de acompanhar o dia a dia dos filhos.
O nosso país tem em curso mais um Plano Nacional para a Igualdade de Género Cidadania e Não Discriminação, onde se tenta combater e disseminar as assimetrias homem, mulher.
Só que, quando falamos de igualdade de género tendemos a pensar na posição social “frágil” da mulher, perpetuado por um passado de direitos desiguais. Mas se a mulher conseguiu conquistar o espaço público, o homem perde terreno no espaço privado, no espaço familiar.
Deixou de ser o “ganha pão” da família, perdeu autoridade e a grande questão é que nós mães, continuamos a açambarcar os nossos filhos, impedindo-os muitas vezes de ter uma relação mais estreita com os pais.
Tomamos as rédeas da vida deles, como se da nossa se tratasse. E não é por mal. Apenas nos esquecemos que eles já não estão dentro de nós. Já não nos pertencem.

E se com o pai, não comem o iogurte certo, se não puseram o creme “tal”, foram para a rua sem casaco, ou pior, estão com uma camisola que não faz conjunto com aquelas calças… isto é negligência, indiferença, despreocupação ou desatenção.
É aqui que a resiliência masculina entra em acção e o pai, acomoda-se no sofá, no seu papel de ator secundário ou mero espectador na expectativa que o seu filho cresça, decida o que come e saiba escolher a sua roupa. Deixa de tomar decisões e anda ao som da concertina materna.
É certo que se fosse possível quantificar o amor de cada um, acredito que o amor de mãe seria maior, porque é incondicional e absoluto. Amam os filhos como se amam a elas próprias e principalmente por isto, é importante que exista o PAI.

Sofia Cid

Comentários